Introdução

Olá, somos alunas da turma 9ºA da Escola Secundária D. Manuel Laranjeira e estamos a participar no concurso do Plano Nacional de Leitura intitulado "Camões, um Poeta Genial". É deste mesmo homem que iremos falar neste pequeno blogue. Trata-se de um poeta que pouco se sabe sobre as suas origens mas marcante na história da Literatura Portuguesa. O imortal cantor das glórias de que Portugal se orgulha, Luís Vaz de Camões, é o autor da obra emblemática, a epopeia nacionalista "Os Lusíadas". Viveu miseravelmente, tendo uma vida turbulenta cheia de acontecimentos que para sempre marcaram a sua personalidade e forma de escrever. A língua que nós hoje falamos e escrevemos é a língua de Camões, a que está nos sonetos, nas redondílhas, em "Os Lusíadas" e nas canções. Ele trouxe outra música às vogais e outra harmonia às rudes consoantes. Este era capaz de dizer o indizível nos seus poemas, conquistando assim o coração de quem os lia. As suas obras ainda hoje são lidas por milhares de pessoas e continuam a marcar a História da Literatura Portuguesa.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Retrato físico e psicológico de Luís Vaz de Camões

Não há nenhum retrato pintado a partir do original. O do pintor Fernão Gomes foi feito depois da morte do poeta, consoante as indicações que as pessoas que conheceram Camões deram.
  O biógrafo Faria de Sousa dizia que Camões era «barbi-ruivo» (barba ruiva). Severim de Faria publicou em 1624 «Vida de Camões » e segundo  o testemunho das pessoas que ainda conheceram Camões era de «meã estatura» ( média estatura), de cara redonda, nariz comprido e grosso na ponta, rosto desfigurado pelo olho cego, cabelo muito loiro, quase a chegar ao «açafrador» ( cor de açafrão). A sua aparência não era muito graciosa, no entanto , quando falava com as pessoas,  era alegre e comunicativo ( «na conversação muito fácil, alegre e dizidor»). Contudo , viveu melancolicamente para o resto da sua vida.
 

Ilha Dos Amores - Análise dos Cantos IX e X

 
Vénus, amiga dos Portugueses ,  nunca deixa de vigiar os seus movimentos e de providenciar para que nada lhes falte. Observa-os com atenção e ternura e conclui que estão cansados após tanto terem resistido às ciladas e traições congeminadas por Baco. Também se dá conta de que envelheceram m muitos anos. Alguns ficaram com cabelos brancos e com rugas cavadas nas faces escurecidas pelo sol intenso daquelas paragens.
Agora, que empreendem a viagem de regresso a Portugal, bem merecem o descanso que há tanto tempo lhes é negado. A própria Vénus providencia que esse  merecido repouso seja retemperador e inesquecível. Vénus cria, assim, com os seus imensos poderes,  uma ilha flutuante que em nenhum mapa vem assinalada. A ilha flutuante, dita dos Amores, é colocada de tal modo na rota das naus, que elas não conseguem passar-lhe ao largo. Nesse pedaço de terra frondosa e perfumada tudo parece ter sido disposto e a contento dessas dezenas de homens exaustos e ansiosos por terem a costa portuguesa finalmente à vista. Nada ali faltava, nem frutos perfumados, nem plantas, nem flores frescas e viçosas, nem tão pouco lindas mulheres que mais não eram do que as ninfas convocadas por Cúpido para darem aos portugueses o afecto que há tanto tempo lhes faltava, vindo de doces mãos femininas.
As ninfas, também chamadas nereidas, obedeciam às ordens da mais bela e experiente de todas elas, de nome Tétis, que cumprindo as ordens de Cupido, tomou medidas para que os portugueses de longas barbas e corpos emagrecidos por longos meses de privação encontrassem tudo o que desejavam, incluindo aquilo em que nunca antes haviam pensado e, que ao desembarcarem em Lisboa, nunca mais iriam esquecer.
Foi a própria Tétis que agarrou na mão de Vasco da Gama e o conduziu ao cimo de um monte onde se avistava um assombroso palácio de ouro e cristal, ofuscante pelo seu brilho e grandeza. Nunca antes os portugueses tinham visto algo semelhante e estavam boquiabertos e deliciados com a hospitalidade inesperada. Se pudessem e se a ilha não fosse flutuante e inventada por Vénus, muitos nunca mais teriam querido sair daquele mágico pedaço de terra.
Foi no Palácio de Tétis que um grande banquete homenageou os portugueses e a sua glória seguindo-se-lhe vistosas danças e jogos que levaram os marinheiros a perseguir as nereidas para com elas poderem namorar. Mas elas, fazendo o seu jogo de sedução e fuga, quando estavam prestes a deixar-se apanhar, rapidamente se afastavam, aumentando o desejo de quem lhes seguia no enlaço para as afagar e as beijar, para delas se enamorar.
Foi inesquecível o banquete, servido em pratos de ouro, com Tétis e Vasco da Gama no topo da mesa. Foi um banquete à altura de verdadeiros heróis, já tornados lendas.
Chegou então o momento de Tétis conduzir Vasco da Gama ao cimo de um monte de onde se avistava uma miniatura do globo terrestre, estando nele assinalados os lugares onde, depois de descoberto o caminho marítimo para a Índia, os portugueses iriam fazer história.

Tétis começou a antecipar os feitos heróicos que os portugueses daí em diante iriam realizar. E não escapou a essa deusa bela e inspirada, um nome sequer de homem ou de terra descoberta ou conquistada. Era Vénus quem, comunicando com ela à distância, lhe dizia o que sobre os portugueses devia ser contado e cantado naquela hora.
“Chegaram como heróis e partem como heróis. E eu sei que os feitos que vos esperam hão-de engrandecer ainda mais o vosso nome, a vossa glória  e o respeito que por vós sentem todos aqueles que conhecem a vossa história.” - Discurso de Tétis na despedida dos portugueses.

Cronologia da vida de Luís Vaz de Camões

1524 ou 1525: Nasce o poeta
 1548: Auto-exilado no Ribatejo; alista-se no Ultramar.
1549: Embarca para Ceuta; perde o olho direito numa batalha contra os Mouros.
1551: Regressa a Lisboa.
1552: Numa briga, fere um funcionário da Cavalariça Real e é preso.
1553: É libertado; embarca para o Oriente.
1554: Parte de Goa
1556: É nomeado provedor-mor em Macau; naufraga nas Costas do Camboja.
1562: É preso por dívidas não pagas; é libertado pelo vice-rei Conde de Redondo e distinguido seu protegido.
1567: Segue para Moçambique.
1570: Regressa a Lisboa na nau Santa Clara.
1572: Sai a primeira edição d’Os Lusíadas.
1579 ou 1580: Morre de peste, em Lisboa.